sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

6 - Uma nova Matriz

Em 1949, finalmente, foi criada uma comissão por Dom José Carlos de Aguirre, tendo como presidente Mário Chagas para levantar fundos para aumentar a igreja matriz. No dia 31 de dezembro de 1949, com a transferência de Pe. Ambrósio Marks para Porangaba, a paróquia de Cesário Lange tinha sido anexada à de Tatuí. O Pe. Jorge Mouzizzano, coadjutor de mons. Murari, pároco de Tatuí, passou a assistir a paróquia de Cesário Lange, o que fez desde o dia 15 de dezembro de 1949 até 18 de fevereiro de 1951, quando foi nomeado professor de música para o seminário São Carlos Borromeu em Sorocaba. Para substitui-lo veio a Cesário Lange, outro coadjutor de mons. Murari, Padre Antônio Dragone, que passou a atender a paróquia de Cesário Lange desde então.

A partir de 24 de dezembro de 1951, ele se torna, definitivamente, pároco de Cesário Lange. Pe. Antônio empenhou-se muito em seu novo ministério, restaurou a Cruzada Eucarística e a Obra das Vocações. Um de seus pontos altos de seu paroquiato foi a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima a Cesário Lange entre os dias 25 e 26 de agosto de 1953.

Mas a marca mais importante foi sua atividade em mudar a face da paróquia. Em 20 de abril de 1952, Padre Antônio adquiriu um serviço de alto falantes para a matriz e começou a se empenhar para aumentar a dimensão da velha igreja. Em 14 de março de 1952 tendo em caixa a importância de Cr$ 100.400,00 resolveu começar as obras. Contratou-se o engenheiro José Victor Vieira Pedroso de Tatuí que desenhou a nova planta. Decidiu-se aumentar em seu comprimento em 22 metros e alargá-la em 3 metros de cada lado.

Quanto ao seu alargamento, surgiu aí um problema quanto ao lado direito da igreja que margeava a Rua Padre Gravina. O prefeito de Tatuí, Alberto Santos, doou 4 metros da rua para a ampliação da igreja, que de certa maneira compensava a Paróquia Santa Cruz do “confisco” da praça defronte à Igreja. Entre os dias 13 a 16 de maio de 1952, Dom José Carlos de Aguirre realizou a sua 8.ª visita pastoral à paróquia de Santa Cruz e na tarde do dia 15 de maio abençoou a pedra fundamental da nova igreja. Na manhã seguinte, foi lançada a pedra fundamental na presença do bispo, do pároco, do Padre Murari (vigário de Tatuí), do prefeito de Tatuí, do sub-prefeito, do engenheiro e demais pessoas pelo pedreiro José Benedito Molitor (Zuza). O local onde foi lançada a pedra fundamental fica na sacristia à direita do presbitério da igreja atual.

No entanto, uma dificuldade inesperada surgiu. A Câmara Municipal de Tatuí vetou a doação feita pelo prefeito Alberto Santos. Quase dois anos de negociações se seguiram até que em 11 de maio de 1955, finalmente, a escritura da doação foi lavrada na presença do mesmo prefeito e do Padre Antônio Dragone, como procurador do bispo. Entretanto, uma nova comissão para a ampliação da nova igreja fora criada tendo como presidente Roque Rosa (Mário Chagas falecera em 1954).

Tendo conseguido a regularização do terreno, começaram os trabalhos. De início se pensava em aproveitar a nave antiga da igreja alargando as laterais e aumentando em sua profundidade e na altura de seu teto. Mas verificou-se, logo, tal aproveitamento totalmente inadequado. Praticamente a igreja teve que ser demolida para a construção da nova. Padre Antônio anotava em 1956, que os trabalhos não visavam tanto a arte, mas a utilidade do espaço. Pode-se dizer que, por motivo de economia, a nova igreja foi construída sobre os escombros da antiga, pois tudo foi reaproveitado, desde dos tijolos até mesmo o reboco era peneirado para ser reaproveitado. Por exemplo, o material que não serviu, foi aproveitado para a construção de um pequeno barracão com 11 metros de frente e 15 metros de fundo ao lado da casa paroquial para que se usasse para festas paroquiais e como espaço para aulas de catecismo. Esse barracão foi construído no lugar onde antigamente funcionava à assim chamada "fábrica da igreja", que era o nome que se dava à secretaria da paróquia. Mais tarde, no tempo do Pe. Adolfo Testa, ele se tornou o “Cine São Roque” e hoje é sala de catequese e secretaria da igreja.

Em 1956, Padre Antônio Dragone tornou-se também pároco de Porangaba, mas as obras continuaram até 1958 quando foram interrompidas por absoluta falta de recursos, apesar de estarem bastante adiantadas com todas as paredes erguidas e a igreja inteiramente coberta.

No entanto, um fato novo repercutiu em toda a cidade e que de certa maneira mudou a história da construção da nova matriz. Em 29 de dezembro de 1958 foi anunciada a emancipação política de Cesário Lange que oficialmente foi proclamada em 18 de fevereiro de 1959, mas só em 1.º de janeiro de 1960 tomavam posse o primeiro prefeito e a primeira Câmara Municipal, depois de uma acirrada, às vezes, desleal disputa eleitoral, que mostra a imaturidade política do novo município, que aconteceu em outubro de 1959.

Os dois candidatos a prefeito foram, respectivamente, Roque Rosa e Aristheo Vasconcelos Leite. Venceu o último por uma diferença de 254 votos num universo de 1006 eleitores. Como Roque Rosa fosse o presidente da comissão das obras da igreja, o vigário foi supostamente taxado como simpatizante de sua candidatura, ao menos por alguns seguidores do candidato vencedor. Nos documentos da igreja não há menor alusão a tal possibilidade ou mesmo menção a algum dos candidatos. Parece mesmo, que o padre era totalmente apolítico e estava unicamente preocupado com a vida religiosa de seu povo e da construção da nova matriz.

Entre as várias provocações sofridas pelo pároco devido à nova situação política, dois incidentes lamentáveis devem ser citados: a agressão sofrida pelo padre durante a festa de São Roque no dia 16 de agosto de 1959, no auge da campanha política para as eleições municipais; e a invasão da igreja por parte de um vereador, líder do prefeito na Câmara Municipal, no dia 03 de junho de 1961, quando se celebrava o final do mês mariano.

Este último incidente levou ao afastamento definitivo do padre de Cesário Lange e, portanto da igreja nova pela qual tanto trabalhara. Outros haveriam de continuá-la e terminá-la, talvez, de maneira bem diferente como Pe. Antônio Dragone a havia concebido, embora um acontecimento mais profundo estivesse acontecendo, o Concílio Vaticano II (1962-1965), convocado pelo Papa João XXIII (1958-1963), que traria mudanças profundas na Igreja, inclusive litúrgicas, portanto, alterando de certa maneira a configuração dos edifícios eclesiásticos.

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